segunda-feira, junho 28, 2004

Em meu nome, não (ou o poder é uma cenoura)


Este Governo que se anuncia, em meu nome não. Mas em meu nome, nunca um partido destes formaria governo. Talvez em nome dos restantes cidadãos. Em relação a essa escolha, posso dar a minha opinião, posso criticar, mas tenho o dever de respeitar.
Diferente já é quando nem os que votaram puderam escolher. Confusos? Pois é, nem toda a agitação vem dos partidos da esquerda.
A este respeito, leia-se aqui, citado no Causa Nossa, quem tem ainda mais razões para se sentir indignado. A velha questão do gato por lebre.

Onde se podiam trocar os termos do provérbio. Fazer a alusão a um gato que ganha botas (por a mais ninguém servirem...), deixando em seu lugar uma lebre que há muito corre atrás de tão estimulante... cenoura!

Passeio pelo parque


Não tenho por hábito citar blogs, mas agora não resisto.
Aqui fica um dos perscursos possíveis:

1. Quem se opôs de início foi o Pacheco Pereira - postar um quadro com um caixão e escrever "Pobre País o Nosso" quer dizer qualquer coisa, não? Os posts não têm links específicos, por isso sigam as últimas entradas, valem bem a pena.

2. Recomendo o genial post de Maria Manuel Leitão Marques, no Causa Nossa. Onde tudo faz sentido, ou de como deixa de o fazer de repente.

3. Por último, o post "rir para não chorar". Aqui, com a costumada argúcia do Barnabé.

Enfim, resta-nos esperar. Não sentados.
Novo protesto em Belém amanhã (tercça feira), pelas 19:30.
Haverá alguma lucidez (leia-se "oficial") no meio disto tudo?


Explicação


Ah! Agora já percebi!!!!...

"Prioridades

Sexta feira saí a correr da Faculdade para chegar a tempo de ainda ver algumas notícias. Decidi apanhar um taxi. Quando entro, dou o mote: «Então o Durão lá vai para Bruxelas...» O taxista estava indignado: «É uma vergonha, isto são eles [os outros países] a quererem desestabilizar a Selecção.» - FN"


N'O País Relativo

(Será possível mais uma vez o O'Neill?! Pobre país o nosso...)

sábado, junho 26, 2004

A explicação da rosa


-Sim, há uma luxúria da dor, como há uma luxúria da adoração e até uma luxúria da humildade. Se bastou tão pouco aos anjos rebeldes para mudarem o seu ardor de adoração e humildade em ardor de soberba e revolta, que dizer de um ser humano? Pronto, agora já sabes, foi este pensamento que me atingiu no decurso das minhas inquisições. E foi por isso que renunciei àquela actividade. Faltou-me a coragem de inquirir sobre as fraquezas dos malvados, porque descobri que são as mesmas fraquezas dos santos.

O Nome da Rosa,
Umberto Eco

Esttranha forma de ver as coisas. Na Idade Média a penitência começava a ser questionada e até mal vista. Não consegui perceber porquê, dentro da concepção católica da época.
A resposta veio, ainda que uns séculos adiante:

"A possibilidade de uma dor infinitamente excitante, existe."

Fragmentos,
Novalis

Afinal não eram apenas os "malvados" que tiravam prazer da dor. A penitência começava a para isso também.
Ah! Não diga mais, agora está tudo explicado.
Tortuosos e ínvios são os caminhos do Senhor...

E está tudo tão perto...


-Só os homens pequenos é que parecem normais. Ubertino podia ter-se tornado um dos hereges que contribui para mandar queimar ou um cardeal da santa igreja romana. Andou muito perto de ambas as perversões. Quando falo com Ubertino tenho a impressão que o inferno é o paraíso visto do outro lado.

O Nome da Rosa,
Umberto Eco

A estabilidade é um túnel sem estudo de impacto ambiental


Ontem a meio da tarde, ainda ninguém acreditava. Quero dizer, Sampaio cancelou toda a agenda para a tarde, os indícios eram mais do que óbvios. Mas quando se falava no nome de Santana Lopes com alguém que não ainda não sabia da estória, a reacção era sempre a mesma - pensavam que era uma piada. Os que mais se surpreendiam eram os do PSD. Ainda incrédulos, a reacção era apenas uma:
-Agora é que vamos mesmo perder as eleições...
Deixem lá, sempre têm um líder na Europa. Ainda que desertor de deveres assumidos, but who cares?
Afinal, o caminho para a estabilidade deve ser só um imenso túnel, que vá de Viana do Castelo ao Algarve. Sem estudo de impacto ambiental, e visitas guiadas ao fim de semana.

Ó Portugal, fosses tu só três sílabas...
A ironia de O'Neill, que não deixa de me perseguir.

quarta-feira, junho 23, 2004

Ouvido de passagem


Ouvido de passagem:

"-Ai, vida!!..."

Sim, vida. É disso que nós precisamos.
E não de uma imitação que, por falta de comparação, reputamos de original.



Post muito feminino




Concordo contigo, Inês.
Para quê ter os pés alguns centímetros elevados do chão, se os podemos ter sempre bem assentes na terra.

segunda-feira, junho 21, 2004

A Inocência em Estado Puro


-Então, mas sabia que estava a cometer um crime!
-Não! Se pessoa sabe que não presta, pessoa não faz!


Ouvido de passagem, numa sala de audiências. E há lá mais justificação para a inocência do que a própria convicta.
Ainda que esta de que se fala possa não ser a inocência judicial, a candura ressalta. Inocentes convictos, sim, isso eles são.


inocência
(substantivo feminino)

1. qualidade ou estado de inocente;
2. qualidade de uma pessoa que ignora o mal; pureza; candura; ingenuidade;
3. ausência de culpa;
RELIGIÃO estado de inocência estado do homem antes do pecado original; estado da criança antes do pecado pessoal;
(Do lat. innocentìa-, «id.»)

(in www.diciopedia.pt)



sexta-feira, junho 18, 2004

Olhar para uma mulher




Olhar para uma mulher
e não ver uma mulher,
apenas
as puras formas, sem sexo ou apelo.
(os seios nús, porém, mas nem isso obsta)
As curvas das costas, músculos,
os ossos quase rangentes, quase
flexíveis, quase
vísceras.
Ver um corpo e isso ser inócuo,
quer dizer,
nada dizer a não ser o próprio corpo em si.
Aterrar quem o observa, por não
olhar uma mulher,
não ver uma mulher ali.


Station Kautschuk,
a solo by Heini Nukari
espectáculo de dança na Companhia de Teatro de Sintra,
inserido na programação Dança para Quatro Estações - Verão.

Acidez*


Ultimamente a acidez tem-se notado (de)mais por aqui.
Dois culpados: a "Euro-euforia" e o seu patriotismo de bandeirinha, e a leitura excessiva de Alexandre O'Neill.

Da sua indiferença
agressivamente as coisas saem
Sentimo-nos cercados
ameaçados pelas coisas
e agora lamentamos o tempo perdido
a dispô-Ias a nosso favor

Porque é tempo de romper com tudo isto
é tempo de unir no mesmo gesto
o real e o sonho
é tempo de libertar as imagens as palavras!
das minas do sonho a que descemos
mineiros sonâmbulos da imaginação.

Alexandre O'Neill,
Pela voz contrafeita da poesia


*Post (a atirar ao) pedante, em que a blogger se afunda mais do que justifica. Faz parte, esperemos que seja apenas do clima.

quarta-feira, junho 16, 2004

Poema do Adepto de Futebol ou Glosa a Portugal


Portugal,
esta noite vou dormir abraçado à bandeira*
a ver se ao menos esta ideia de pátria
não me deixa passar frio.


* bandeira: símbolo nacional, oficialmente aprovado ou não. Leia-se: com castelos ou pagodes chineses, tanto faz.

Portugal


"Portugal
Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se
contraía a febre do Império
mas a única coisa que consegui apanhar foi um
resfriado"

Jorge de Sousa Braga,
O Poeta Nú

Música de fronteira


Ontem comprei (e ofereci) pela primeira vez um cd de música (pop) polaca. Myslovitz de seu nome, Korova Milky Bar o álbum.



A integração europeia é isto.
A integração europeia é também isto.
A integração europeia é apenas isto.

(riscar o que não interessa)

Ps-e não é que o polaco até se entende muito bem? Se não acreditam vão ao site da banda (que merece bem a visita).
Será que um dia vamos deixar de precisar do esperanto?


Sweet "sis" teen


Ter uma irmã mais nova a fazer 19 anos é obra.
Uma coisa que aparece tão pequenina, algum tempo depois salta assim e atira-me um número destes para a frente da idade.
Parabéns! (Também pelo exercício do primeiro direito de voto).

terça-feira, junho 15, 2004

Colheita de luz




Colher esta luz para mim
e ficar iluminada por dentro
o dia inteiro.

segunda-feira, junho 14, 2004

Patriotismo é...


Patriotismo é pôr a bandeirinha à janela e depois passar o dia de eleições na praia.

terça-feira, junho 08, 2004

Pois, talvez seja essa a ideia...




Pasta de Dentes ao Jantar aqui.
Acidez - e acuidade - não lhe falta.

(Post em que me lembro que descobri estes cartoons no -saudoso- blog do Pedro: A Morsa.)

segunda-feira, junho 07, 2004

Ressaca


(Estou a ressacar de sono e do concerto de ontem.
O blog segue dentro de momentos.)






I never saw no miracle of science
That didn’t go from a blessing to a curse
I never saw no military solution
That didn’t always end up as something worse but
Let me say this first

If I ever lose my faith in you
There’d be nothing left for me to do


Sting,
If I ever loose my faith in you

quinta-feira, junho 03, 2004

Eternal Sunshine


O post anterior refere-se ao filme "The Eternal Sunshine of a Spotless Mind" (em português, "O Despertar da Mente"), que vi ontem e ainda estou a digerir.



-Esconde-me num sítio da tua memória onde eu não esteja.
-Mas tu estás em todo o sítio!
-Já sei, esconde-me na tua infância!


A transcrição é livre. O momento é um dos mais belos e pungentes do filme.

O brilho perene


Eloisa to Abelard

"How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!"


Alexander Pope


Viver e esquecer logo a seguir.
Começar de novo a cada dia.
Alguém quer isto para alguma coisa?

É verdade, sim senhora!




Será por isto que é tão bom (tentar continuar a) ser criança?

terça-feira, junho 01, 2004

Shuffling...





...me.
While life is continually playing outside.