sábado, junho 26, 2004

A explicação da rosa


-Sim, há uma luxúria da dor, como há uma luxúria da adoração e até uma luxúria da humildade. Se bastou tão pouco aos anjos rebeldes para mudarem o seu ardor de adoração e humildade em ardor de soberba e revolta, que dizer de um ser humano? Pronto, agora já sabes, foi este pensamento que me atingiu no decurso das minhas inquisições. E foi por isso que renunciei àquela actividade. Faltou-me a coragem de inquirir sobre as fraquezas dos malvados, porque descobri que são as mesmas fraquezas dos santos.

O Nome da Rosa,
Umberto Eco

Esttranha forma de ver as coisas. Na Idade Média a penitência começava a ser questionada e até mal vista. Não consegui perceber porquê, dentro da concepção católica da época.
A resposta veio, ainda que uns séculos adiante:

"A possibilidade de uma dor infinitamente excitante, existe."

Fragmentos,
Novalis

Afinal não eram apenas os "malvados" que tiravam prazer da dor. A penitência começava a para isso também.
Ah! Não diga mais, agora está tudo explicado.
Tortuosos e ínvios são os caminhos do Senhor...

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