segunda-feira, janeiro 19, 2009

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Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predilecta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural –
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.








D'"O Guardador de Rebanhos", Alberto Caeiro
(do qual Pessoa era "o novelo enrolado para o lado de dentro", nas palavras de Álvaro de Campos, discípulo maior do primeiro).

E isto é assim, Pafff!, estrondo grande de que a custo me recomponho depois de ler.

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