segunda-feira, fevereiro 05, 2007

A questão do aborto - agora a sério

Agora que vou escrever (marginalmente) sobre a "questão do aborto" (tomem isto como um todo), sinto-me na necessidade de escrever à frente "agora a sério". No estado de coisas em que isto já anda, e difícil ter ou manter alguma lucidez. Eu vou tentar.

A questão do aborto e(m) Portugal - agora a sério

Na maioria dos países europeus o aborto é legal, datando a maioria destas legislações dos anos 70, na onda da conquista dos direitos sociais.
Portugal, nos anos 70, oscilava entre os restos de uma longa ditadura e o fulgor da liberdade e da revolução (achava-se). O aborto não foi legalizado.

A primeira tentativa de lagalização veio da UDP, em 1980. Em 82 seguiu-se a do PCP. A partir daí, uma longa história.

Agora a sério, eu pergunto:

Que nos faz ser tão diferentes do resto da Europa (desenvolvida)?
Será que se o aborto tivesse sido aprovado nos 70's, teria sido generalizadamente aceite e hoje nem falávamos disso, nem ninguém reparava?
Será que a sociedade se "acomodou" a não ter aborto legal, e por isso não sente falta? (Vão-se habituando à falta, ao risco, às mortes, talvez...)
Será que a religião tem ainda tanta influência em Portugal? As instituições conservadoras, que se apoderam das estruturas sociais para veicular as suas concepções, dissimuladamente?

Não consigo responder, e isso intriga-me. Mesmo que o SIM ganhe -acredito que sim- não se pode negar que a guerra foi imensa.

Não será o aborto socialmente aceite (a julgar pelo número de mulheres que já o fez...) e apenas se trata de uma vergonha em assumir? Foi só um grupo do "não" com enorme capacidade de mobilização? Se calhar não estamos preparados/habituados à sociedade civil (o que quer que ela seja) e a isto de referendos e opiniões públicas?
Tudo isto me intriga e as minhas interrogações são honestas (juro). Quem tiver ideias, diga-me, pf.
Eu digo como o outro: "Ai Portugal, Portugal..."

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