segunda-feira, novembro 29, 2004
Depois do Café
Programa de hoje, a seguir ao café: votar.
Uma votação um pouco opaca e estranha: não conheço a maioria dos membros das listas e há listas para tudo.
Além disso, utilizei a opção do voto por correspondência. Ou seja, diluí-me no meio das instruções, qual jogo infantil para acertar com todos os papelinhos no sítio certo. Envelopes, dentro de envelopes, autenticações.
E as listas? Pois é, também houve as escolhas.
Mais pelo sinal, sabe bem.
E entre envelopes e a pausa para café, ponho-me a desejar poder votar outra vez em breve. Para quando será?
quinta-feira, novembro 25, 2004
Diário de Uma Tarde
De como brincar com o fogo. (Sim, a luz - que também queima e permanece na retina.)
Cartas em correio azul.
Passeios por inúmeras galerias. Cores, gestos ausentes. Sombras.
Palavras poucas.
Gentlewomen agreements.
De onde se conclui que há muito quem saiba dominar a luz & outros incêndios afins...
quarta-feira, novembro 24, 2004
#2
Estar sempre alerta. Disfarçar a mão, olhar bem o visor.
Premir a tecla e a imortalidade (subtil) do rosto que vai à nossa frente.
A posição das mãos. Do vidro do carro. Os joelhos.
Nunca imaginei quão clandestina fosse a sensação de ter um telemóvel com camera.
Será necessária licença de uso e porte de arma? Não sei, mas quase aposto que devia.
#1
Em momentos de grande crise podemos aprender desmesuradamente.
E vem-nos invariavelmente à memória alguém que uma vez nos disse: É bom estar sempre a aprender!
terça-feira, novembro 23, 2004
Da arte de semear*
-Sim, está a tornar-se tristonha.
Falta-lhe sempre um golpe de mão, qualquer coisa que vá mais longe. Parece que o braço se estica, mas nunca consegue alcançar. E isso nota-se.
*referência a'O Semeador, personagem único na literatura portuguesa, que surge na Aparição, de Virgílio Ferreira.
segunda-feira, novembro 22, 2004
Away
Ser impossível a vontade.
Pensar e o corpo não reagir. Nuvens.
Colar bem o pé ao chão é a única garantia de não voar.
Complemento Directo
Há coisas que só acontecem quando um impulso preciso as precipita.
Nessas alturas, ser metade é atingir a plenitude.
sexta-feira, novembro 19, 2004
quinta-feira, novembro 18, 2004
Il fault aimer les contradictions
Acreditar na bondade da natureza humana, e deixar de fazer uma coisa só porque já não nos dá prazer.
A propos
- Era Gorki - ou Lenine, ou Maïakovski, já não sei - que dizia, a propósito da Revolução russa, que a situação era tal, naquele momento, que se tinha de escolher a probabilidade em mil, porque, ao escolher essa hipótese em mil, a esperança era infinitamente maior do que não a escolhendo...
Eric Rohmer,
Seis Contos Morais
(ou da diferença entre um livro e um filme, ou das relações entre homens e mulheres, entre outros)
terça-feira, novembro 16, 2004
Saúde Pública
Há dias assim. Hoje, estou off.
Razões de saúde pública se impõem.
(E a população agradece.)
segunda-feira, novembro 15, 2004
Coração
"He has no heart, he pumps his own blood"
Material necessário:
1 esponja de banho, de pref. cor-de-rosa;
água corrente, de pref. quente;
1 corpo, de pref. o seu.
Como executar:
Coloque a esponja junto ao corpo, de preferência na zona do peito.
Com a ajuda de um chuveiro encharque-a com a água.
Em movimentos cadenciados, aperte-a e liberte-a, repetidas vezes.
O bombear da água deverá dar-lhe a sensação de ter um coração de verdade.
domingo, novembro 14, 2004
Sob Escuta
CSÁRDÁS - Hungarian Gypsy Music
Ferenc Sánta and his Gypsy Band
"csárdás, which derives its name from the word csárdá, a country inn, was danced on Sunday afternoons at such inns by the peasantry"
Tanta energia não me apetece, confesso. Mas o som bem me faz imaginar...
Detalhe de "Les Tsiganes" by Adrien Moreau, 1877
O Sétimo Dia
É domingo e está bom tempo.
Agarro nos jornais atrasados e sento-me no jardim a apanhar sol.
(Detalhe: hoje tenho cá vizinhos. É nestas horas que abemçoo o facto de a casa deles ser só de fim de semana.)
Estico-me no banco e descubro qualquer coisa para ler. O sol bate-me nas pálpebras, o calor amolece-me.
Nem falo alto, preservo o silêncio.
Nestes momentos sinto verdadeiramente sagrada a religão dos domingos.
sexta-feira, novembro 12, 2004
So sad...*
1929-2004
Ou de quando apenas a queda do corpo cala a voz.
So sad.
*E não me venham com quaisquer outros argumentos. Isto é tão triste...
Women's stuff
Ciclos, pílulas, partos, dores menstruais, a melhor marca de qualquer coisa inconfessável.
Às vezes parece que somos mesmo a costela fraca de Adão.
quarta-feira, novembro 10, 2004
Sítios
Será possível ter saudades de um sítio que não conhecemos?
As Astúrias andam a tentar-me já há uns tempos. Concretamente, desde que vi as fotos do Balbin.
Agora, vou-me saciando neste set de fotos, aqui e também no blog PopNox, que é belíssimo.
Quer-me parecer que em minha casa até as malas se vão fazendo sozinhas...
by Panchu
terça-feira, novembro 09, 2004
Eu Hei-de Amar Uma Pedra
O título do seu novo romance, Eu Hei-de Amar Uma Pedra, nascendo embora de um canto popular, terá a ver, igualmente, com impossibilidades do amor?
Não sei russo, mas quando dizem que Pushkin empregava a palavra carne e sentia-se o gosto da palavra carne na boca, isso tem a ver com as palavras que se põem antes e depois. É a mesma coisa que amor. Os substantivos abstractos são perigosos.
(...)
Amor é algo mais?
A noção de amor varia de pessoa para pessoa. Muitas vezes estamos apaixonados ou estaremos agradecidos por gostarem de nós? Ou será que o outro é apenas alguém junto de quem nos sentimos menos sozinhos? Não sei bem o que é a verdade acerca do amor e duvido que haja quem saiba. Só tenho perguntas, não tenho respostas. Até que ponto o amor não é apenas a idealização de um outro e de nós mesmos?
Nunca é fácil salvar uma relação...
Uma coisa é o amor, outra é a relação. Não sei se, quando duas pessoas estão na cama, não estarão, de facto, quatro: as duas que estão mais as duas que um e outro imaginam.
(Ainda António Lobo Antunes,
ou a poesia à flor da pele)
Máscaras
A intensidade poética da sua prosa é para aliviar tensões entre as personagens?
Não me é consciente. Uma coisa para mim é clara: tenho de proteger os meus ovos, que são os meus livros. Se racionalizar as coisas, perco-as. Estaria a fechar portas a mim mesmo e a essas coisas, que não sei bem se me pertencem, e emergem com essa força. Nos momentos felizes, a mão anda sozinha. A cabeça está a ver ao longe e fica contente, porque são as palavras certas que a cabeça não encontraria. É a mão.
António Lobo Antunes,
em entrevista hoje ao DN
Lê-se isto e vê-se por detrás o homem bom que usa a máscara.
Para ler de um trago.
segunda-feira, novembro 08, 2004
Street Art
Street Art.
O artista: Kurt Wenner, auto intitulado Master Street Painter, ex ilustrador científico do espaço na NASA (vale a pena ler a descrição do CV).
Querem maior expressão do efémero? Toda esta imagem foi desenhada na rua, a giz.
Esta foto é já uma traição à causa, talvez.
Andar pela rua e encontrar isto. Amanhã já não estará lá.
É assim a arte das ruas, a vida de todos os dias.
Dies Irae, Mantua, Italy
O artista: Kurt Wenner, auto intitulado Master Street Painter, ex ilustrador científico do espaço na NASA (vale a pena ler a descrição do CV).
Querem maior expressão do efémero? Toda esta imagem foi desenhada na rua, a giz.
Esta foto é já uma traição à causa, talvez.
Andar pela rua e encontrar isto. Amanhã já não estará lá.
É assim a arte das ruas, a vida de todos os dias.
Dies Irae, Mantua, Italy
domingo, novembro 07, 2004
(Re)Começar
Aqui estou de novo.
As palavras vão escasseando, escondem-se.
O silêncio começa a tomar lugar.
Dialéticas.
Mudança, talvez prenúncio de uma maior ainda.
Expectativa.
Aqui estou de novo.
terça-feira, novembro 02, 2004
Ceci n'est pas une pomme
Ceci n'est pas une pomme,
René Magritte
Por muito que pareça, não é mesmo uma maçã. Este quadro tem a imagem da maçã, mas não a maçã em si.
Da mesma forma, este blogue não é a sua autora. Pode ter uma imagem mais ou menos aproximada, ou pode ser completamente inventado por vezes. E aí a confusão é quando da maçã se pretende decalcar a sua imagem, ou fazer passar uma pela outra.
A autora está (continua?) em iminente processo de revisão de algumas coisas. Já está assim há muito tempo, o que (também) pode ser um indício da sua inércia.
No entanto, tal como o blog não é a maçã, talvez estas alterações não se tenham sentido ainda.
Tudo isto para dizer que nos próximos dias este espaço está/continua em xeque. Não sei o que vai surgir, mas a sua continuação não está em causa.
A maçã e a imagem da maçã nem sempre se mantêm fiéis, nem sempre correspondem. Têm dupla personalidade, às vezes a puxar um bocado para o esquizo, mas até se dão mais ou menos bem.
Veremos que destinos tomam agora.
Ps-em laia de conclusão provocatória do que acabei de escrever, aqui fica mais um quadro de Magritte.
Mostra uma pupila. Quem nunca intimou alguém: "Diz-me isso olhos nos olhos!" O título do quadro: "False Mirror". Ring a bell?
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