...
Vim sentar-me n’O Lírio como em tempos
me sentei nas esplanadas da Albisriederplatz.
Não há aqui menos estrangeiros nem eu
me sinto menos só. Na igreja de São Domingos
rezavam a missa: Ich bin der Weg, die Wahrheit
und das Leben; alheios a isto, um homem
transporta cervejas Sagres para a tasquinha
A Sacristia e mulheres de lenço cruzam-se
no pronto-a-vestir Gao Jinyuan. Lisboa.
Não podia estar mais feliz do que neste snack
bar onde nem o acento grave, como é tão habitual
na nossa restauração, se fez substituir pelo agudo:
cozido à portuguesa
vinho branco à pressão
hà sopa da pedra
E não importa o postal Fábrica dos Produtos Coração
que não cheguei a enviar, nem importam os tão mal
remunerados trabalhos do amor, nada disso que
não pude concluir, as aulas de ballet, o curso de piano
ou o plano de recuperação da mãe. Distribuo cigarros,
não me furto aos cinco cêntimos (são p’ra comer)
e reparo, antes de abandonar a cena rumo à Praça
dos Restauradores, num anúncio que me tinha passado
despercebido: hà rapariga sem nada a perder.
N'A Trama, pois claro que sim
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segunda-feira, novembro 07, 2011
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