quarta-feira, março 16, 2011

três sílabas*

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*Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar (...)
Alexandre O'Neill


No outro dia falávamos sobre gente altamente qualificada, que Portugal muito maltratou. No caso eram a Teresa e a Ana, e por agora isto basta. Saindo daqui, cada uma delas está muito bem enquadrada em instituições de renome mundial. Até aqui nada de novo e a pergunta surge muitas vezes: por que insistem em ficar aqui?
Há áreas, então, que são propícias à escassez no "mercado interno", por exemplo as áreas internacionais. Porque não emigrar?
- Toda a gente tem o direito a querer viver no país onde nasceu!, diziam-me.
Isso é uma verdade e não se pode condenar ninguém a sair daqui. (Ontem falava com a Teresa justamente sobre o contrário, em como não tem de estar aqui se não quiser mesmo estar.)
Nisto do país de nascimento, há sorte e há azar. E ainda há tão pouco tempo eu enviava sms de Dakar, a louvar a sorte de termos nascido em Portugal - raciocínio comparativo que obviamente mantenho.

Um sentimento de pessimismo apodera-se de mim - coisa que até aqui também não é grande novidade. Mas não é uma coisa intensa, no sentido "incisivo", mas antes um torpor, um desânimo que se instala aos poucos e desfaz.

Mais tarde ou mais cedo este país não vai ser para ninguém. Quando digo este país incluo, obviamente, tudo o que aqui temos, incluo as pessoas, incluo-me a mim, claro está. Onde é que falhámos, quando - e se calhar em muitas coisas, há muito tempo. Falhámos em tudo?

Hoje estou num dia pessimista. À minha volta só se vêem caras carregadas e não se percebe muito bem o que vem aí. Eu digo que vai ser mau.

Acredito, por isso, que é mesmo preciso sair daqui porque, pelo menos de momento e num futuro próximo, este país não se deseja a ninguém.
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2 comentários:

/b/ disse...

*apreciando esta última safra de posts* ;)

Gonçalo Valverde disse...

Bem, pode existir a razão pura e simples de não terem dinheiro para poderem emigrar e começar uma vida nova noutro país...