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Só agora me apercebo: a cada dia estamos expostos a doses incomensuráveis de ruído.
Podem começar logo de manhã (ou ainda durante a noite, se tivermos azar) e seguem-nos durante todo o dia. Pode haver, por exemplo, todo um dia em que eles continuem, mudando, mas sem cessar.
Um dia inteiro sem ter a sensação do silêncio: sem ruído absolutamente nenhum.
Está a matar-me.
Eu não sabia que isto existia.
Acordar com martelos pneumáticos e é já uma moinha que se instala e corrói. Depois a manhã até foi calma, na esperança que o corroer parasse. Eis que, na brilhante ideia de desanuviar, se almoça nas Docas - pois, precisamente debaixo da ponte. Exacto: do ruído, quem se lembrou? Mas ali o ruído é coisa que não cessa (então quando passa o comboio...).
- É o ruído subliminar do universo! - dizia um dos comensais sobre o facto de, ao estar a ficar surdo, começar a ouvir um ruído persistente. Foi a forma que encontrou de o relativizar...
- Do outro lado da ponte há um seminário muito bonito, mas o ruído da ponte é constante. Se calhar também é o som persistente de Deus...
A sensação é horrível, entranha-se nos nervos e destrói. Depois é o massacre (ia a escrever "silencioso", que ironia) e não há nada a fazer. O meu dia está arruinado e eu só preciso de fugir - para um sítio onde haja silêncio total.
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terça-feira, outubro 12, 2010
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