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É preciso tentar perceber porque é que as pessoas (também) vêm ter conosco.
De repente olhei para aquela mãe-que-fala-pelo-filho (- Se calhar é melhor falar ele, que já é maior de idade), já médico e de vinte e tantos anos.
A certa altura ela pede tempo de antena e começa numa conversa irrelevante para o que estávamos a tratar. Foi aí que percebi. Tremeram-lhe voz e lábios e começou. Dos quatro filhos, pôs os três rapazes no Colégio Militar. A filha, no colégio de Odivelas.
Hoje diz que está arrependida. No fundo, o que aquela mulher queria era redenção e absolvição.
Fiquei a pensar na natureza humana, no bem e mal que fazemos, querendo ou não querendo. Em como tantos anos depois (e podendo ser apenas para "consumo pessoal") aquilo pode doer assim, que a faça ter de redimir-se numa causa exterior.
Mãe é mãe e aquilo estava a doer-lhe - embora talvez tarde demais. A conclusão a que cheguei foi uma admiração tremenda por aquele filho. Não fosse a mãe a auto-flagelar-se, ele nem "denotava" a mágoa.
Foi a sensibilidade do filho que fez com que tudo parasse, foi ele não aguentar mais e sair. E isso não há mágoa ou ressentimento que supere. Nem arrependimento tardio. ...
segunda-feira, março 08, 2010
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