Depois de visitar tanta cidade, o primeiro relato do deslumbramento é mesmo o da minha própria Lisboa.
Alguém vem a Lisboa à procura do Pessoa.
Começa-se na Estrela, em seguida a Casa Fernando Pessoa. E pergunta-se, por que motivo não é esta casa central, quando é de certo modo central na cultura e literaturas portuguesas. Arriscamos a explicação, não sabendo também muito bem explicar.
Seguimos. Passados alguns outros lugares, fazemos o 28 em direcção à Costa do Castelo.
Pelo Caminho, ao longe o Adamastor e o Miradouro de Santa Catarina, mesmo a estátua do Pessoa sentado na Brasileira.
Lisboa é pessoa e o nosso convidado está contente.
Saímos do 28.
Miradouro de Santa Luzia com uma atmosfera mágica. A multidão e o silêncio, em simultâneo, a imensidão de Lisboa e o lugar dos pequenos lugares, do silêncio e da nossa reflexão, embora sendo muitos. Lisboa Lisboas, uma e tantas, ao mesmo tempo.
O Castelo, a Sé, a devoção a Santo António, (im)possível explicação da atmosfera das marchas.
Descemos a Costa, Baixa.
Percorremos a Rua Augusta. Encontramos Pessoa na Brasileira, foto obrigatória, saudamos o poeta Chiado.
Subimos, passamos ao Elevador da Bica - olhar de espanto e fascínio.
Sentamo-nos num dos cafés da rua do Aadamastor. Comemos caracóis, tremoços, imperiais, a atmosfera de Lisboa, o sol.
O melhor pedaço estava guardado: Adamastor.
A expectativa, o entrar no jardim cheio de gente, da mais variada gente.
À entrada, na parede: um Pessoa colorido, grafitado em pop art, o visitante lamenta não ter a câmara à mão.
Depois: entra no jardim; volta-se lentamente e olha o Adamastor. "-É o do Cabo da Boa Esperança, não é?"
Depois, a imensidão de Lisboa junto e para além do rio.
A ponte.
A outra banda.
Simplesmente Lisboa, Pessoa com ela.
O visitante fica, imóvel e em silêncio, a contemplar esta cidade que imaginou pelos olhos de outro, muito ainda antes de a conhecer.
sexta-feira, agosto 24, 2007
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4 comentários:
Que texto bonito e que expressa tão bem o nosso dia por Lisboa. Vou traduzí-lo ao visitante, ele ficará ainda mais deslumbrado, contigo, com a cidade e com o Pessoa.
Ainda não tinha agradecido a tua disponibilidade para aquele dia porque levei o visitante a outras paragens (também elas deslumbrantes!),mas já o queria ter feito.
Obrigada por nos teres feito a visita guida, eu sei que nos portámos mal, mas prometo não divulgar as fotos;). Obrigada também pelas explicações que foste dando sobre a cidade, o visitante ficou encantado! E, finalmente, obrigada ao Francisco que permitiu este encontro. Já há muito que te queria conhecer e fiquei muito feliz por ter acontecido assim, num dia improvisado e inexplicável, mas de que todos gostámos especialmente e pessoalmente.
Beijo e até breve, algures.
Sandra
Olá!
Ora essa, não tem de quê!
Também adorei o dia! :)
E não sei porquê, a certa altura parece que se formou uma atmosfera mágica. Talvez o termos andado por Lisboa à procura ddo Pessoa, e de o termos muitas vezes encontrado. Talvez porque também nós o procurámos e isso fez bem.
Não sei do que foi, do dia de sol, do silêncio entre as multidões, não sei bem explicar.
E só gostava que tivesses visto a reacção do Geofrey quando lhe mostrámos o Aadamastor... ou muito me engano ou para ele foi a descoberta do dia. Fiquei a achar que ele tinha ficado mesmo deslumbrado com tudo aquilo. Foi inexplicável, a sério! :)
E sim, gracias gracias ao Francisco, finalmente conhecemo-nos pessoalmente! ;) (ao fim de tanto tempo, eheheh! ;))
Quanto ao "até algures"... hmm, quem sabe não será na "Helvetia" mesmo? Como te disse, as probabilidades aumentam... ;)
Baci!
***
Ps-dica que me esqueci de dar ao Geofrey: recomenda-lhe que leia "O Ano da Morte de Ricardo Reis", do Saramago. Na Fnac há traduções para inglês e francês.
É um livro que fala muito de Lisboa e retrata a atmosfera "original" do Pessoa.
Acho que ele vai gostar! E já o estamos a inundar de literatura portuguesa, eheheh! :DDD
Chere Carla,
Les sentiments sont toujours mieux exprimés dans la langue du coeur qui est tres souvent la langue maternelle... C est pourquoi je me permets de t'écrire en francais. Je sais que tu comprendras...
Sandra vient de me faire la traduction de ton texte et je dois dire que je suis totalement fasciné par ce que tu as écrit. Merci beaucoup d avoir ecrits de si jolis mots sur mes reactions.
Aujourd'hui je me balladais seul dans lisbonne... tout était parfait, j étais dans l'alfama... J ai repris le numero 28 pour retourner dans le quartier du Bairro Alto. Comme je n'étais pas loin du 'Cap de Bonne Esperance' je suis retourné la bas pour prendre une bière. C'etait tout simplement superbe. Je crois qu'Andre avait sans doute raison de dire que c etait une des plus belles vues de Lisbonne.
Merci pour ton texte... Je vais essayer de trouver le texte de Saramago, promis.
G.
Agora tenho ainda mais saudades de Lisboa! :(
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