segunda-feira, junho 11, 2007

Tás a pedi-las, tás!


Aqui fica, a minha contribuição para o dia de hoje - que não é mais do que merecida. (Pode ser lido a olhar para o post anterior.)


(...)Portugal
Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se contraía a febre do Império
Mas a única coisa que consegui apanhar foi um resfriado
Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr encontrar uma pétala que fosse
Das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador
Portugal
Se tivesse dinheiro comprava um Império e dava-to
Juro que era capaz de fazer isso só para te ver sorrir
Portugal
Estou loucamente apaixonado por ti
Pergunto a mim mesmo
Como me pude apaixonar por um velho decrépito e idiota como tu
Mas que tem o coração doce ainda mais doce, que os pastéis de Tentúgal
E o corpo cheio de pontos negros para poder espremer à minha vontade
Portugal estás a ouvir-me? (...)

Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete, Salazar estava no poder, nada de ressentimentos
O meu irmão esteve na guerra, tenho amigos que emigraram, nada de ressentimentos
Um dia bebi vinagre nada de ressentimentos
Portugal depois de ter salvo inúmeras vezes os Lusíadas a nado na piscina municipal de Braga
Ia agora propor-te um projecto eminentemente nacional
Que fôssemos todos a Ceuta à procura do olho que Camões lá deixou (...)

Jorge de Sousa Braga, O Poeta Nú

1 comentário:

Sr. Jeremias disse...

Portugal , Portugal...