"Bispo de Viseu defende despenalização das mulheres que abortam", in Público
Mas atenção: ele não diz que vota sim! (Surpresa, não é?)
O que ele talvez queira dizer (e que tem estado muito em moda agora, no campo do não), é que não quer ver mulheres julgadas, mas também não querem que o aborto seja legal.
Confusos? Pois.
Ou seja, as mulheres não devem ser presas, mas serão necessariamente condenadas a fazer abortos clandestinos, a sofrer riscos e danos efectivos para a saúde (doenças, infertilidade, morte) e a sujeição -se não a julgamento em si - a investigações judiciais - note-se que no caso da Maia, as arguidas foram forçadas a fazer exames ginecológicos (!!) contra a sua vontade!!!
Bom, a incredulidade é tanta, com estes dois pesos e duas medidas, que (quase) não dá para acreditar. Mas veja-se, a título de exemplo, um dos comentários deixados na notícia do Público:
"Só por si isto já é uma contradição, mas vamos à opinião dele (e a de quase todos os "não") não se pode fazer um aborto legal, mas pode-se fazer em péssimas condições e perigosas e aí já não há problema? isto é a opinião de uma pessoa inteligente? haja paciência!"Resta dizer, por fim, que muito mais do que não ter mulheres julgadas, o SIM não quer ver vidas devassadas, muito menos mulheres a fazer abortos clandestinos, sem condições de saúde ou com o estigma da "ilegalidade".
Também as mulheres que abortam não querem "pena" ou "clemência" de ninguém, nem o "perdão" do julgamento. Querem decidir, livre e responsavelmente, quando e como ter filhos, numa decisão que só a elas (e eventuais maridos, companheiros) dirá respeito.
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