quinta-feira, fevereiro 09, 2006

A minha vida dava um filme... austríaco!

Não digo indiano porque não se passou na índia, mas bem poderia.

Encontrar uma casa em Graz (cidade na Estíria, sul da Áustria) não é tarefa fácil. Vendo na net os múltiplos anúncios de casas a preços convidativos (menos de metade do preço de Veneza), a minha expedição Graziana assemelhava-se simples. De Veneza, comecei a seleccionar anúncios: em função do preço, do número de flatmates, do que faziam, e por aí fora. Nada menos do que a perfeição.

À procura (pelo menos) da perfeição

Feliz e confiante, fui para Graz.
(Pelo meio, uma viagem de comboio cheia de peripécias: 7 ou 8 malas levadas de Veneza; corridas a alta velocidade, qual TGV; malas carregadas pelos gondolieri; muita gente que conheci no comboio, à custa de pedir/receber ajuda com a bagagem; enfim.)

Graz: como encontrar casa – peripécia em vários actos

Primeira tarefa: marcar entrevistas para ver as casas.
Vi o primeiro quarto: enorme, no centro da cidade, com vista para o parque. 27m2 de quarto, sala de festas, sala de fumo (para as festas), verdadeira casa de estudantes. Defeito a apontar pela je: demasiado próximo da faculdade (apenas necessário atravessar duas ruas).
Siga para a próxima.

Já com número de telefone austríaco: agora ninguém me pára!

Ligo para a segunda casa. O preço parecia-me bem, net e cabo incluídos, centro da cidade, morar com mais 3 pessoas, alles gut. Defeitos apontados pela je: os flatmates estudavam coisas como telemática, engenharia médica e afins. Hmm, torcer de nariz. Telefonema para marcar entrevista: room taken.
Oops!... Afinal not so easy. Hmmm.

Onde... bem, afinal parece que não sei quê...

Aqui começa a longa história. Com os vários telefonemas, a lista de 30 páginas de quartos ficou reduzida a metade. Quartos não mobilados, quartos taken, os preços e flatmates simpáticos voavam, o orçamento subia, os quartos que via eram para lá de maus. Decidi-me a alargar o budget, os buracos eram os mesmos ou piores ainda. Reduzi (eliminei?) os critérios de escolha, nada.
Pelo meio, estive quase a ficar com um quarto+escritório em pleno centro histórico. Alguém chegou primeiro!!!

Última tentativa: ou onde se toma um chá com a comunidade hippie de Graz

Última tentativa desesperada: ver mais um quarto. Budget já altíssimo – puro desespero de causa. Eram 4 pessoas, tinham um gato, um projecto de rádio apelativo – aqui mora gente interessante, pensei.
Cheguei. Nada mais que… uma comunidade hippie!!! Que procurava mais um elemento. A casa mais suja que já vi, quartos um pardieiro, uma gata que arranhava móveis e roupas à minha frente! (E eu já a imaginar o futuro da minha pobre tese… lol).
Keep cool!

Já a entrar no ritmo! lol

Rejeitei a casa de imediato, mas aceitei o chá (já estava na descontra…). E tive uma agradável conversa com um hippie alemão. Onde soube que ele até já tinha uma lista de pessoas à procura de casa, de onde o meu nome constava!!! LOL Trocas de infos, e lá fiquei eu listada nos ficheiros… No demais, passou o tempo todo a perguntar-me pela música “espanhola” – e fosse lá eu explicar que Portugal era uma coisa diferente… lol

Ao ponto de partida: quarto com vista para o Parque

Posto isto, voltei ao ponto de partida: a primeira casa que vi. Sou agora a feliz arrendatária de um quarto em Graz com 27m2, janelas enormes e solarengas e vista directa para o Parque da Cidade.
Quem me quiser visitar, será bem vindo! A pedido, mais detalhes da peripécia que é encontrar uma casa em Graz. Onde nada mais faltava acontecer… (Digo eu!) Mas acho que não convém averiguar!... :p


Ps-Mas acham que acabava aqui??!

De casa estabelecida, eis que a autora deste blog volta à terra lusa para merecido descanso. Pequeno pormenor, de que a mesma se olvidou: constipação!!! apanhada duas semanas atrás, na Giudecca.
Resultado: no primeiro vôo de ligação, os ouvidos estoiravam de dores, quais castanhas na brasa. Chamo o pessoal de bordo, que me dá os tais drunfos de cheirar.
Nada. Chamo outra vez: mais drunfos, mais gomas (a pastilha elástica já era nada).
E muito sério, o hospedeiro pergunta-me se quero mesmo vir para Lisboa.
Sim!, claro!
Tem a certeza que quer apanhar mais um vôo de três horas???

E depois das peripécias todas, lá estava eu em Frankfurt, em pânico, agarrada aos ouvidos, entre a perspectiva de fazer três horas em puro sofrimento ou passar uma noite sem nada em solo alemão.
Foi mesmo até à última, é só o que sói dizer-se... LOL

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