quarta-feira, janeiro 11, 2006
ex-Yoguslavia, meu amor...
Pior do que ver um documentário sobre a guerra (fratricida e genocidária) na ex-Jugoslávia, é vê-lo com uma croata ao lado.
O que nós vemos, ela sentiu. Não existem palavras que o possam expressar.
O cenário segue dentro de momentos. Pelo que já vi, calculo que seja aterrador. Uma guerra onde todos são culpados.
Das imagens, recordo duas de dois filmes.
De “No men’s land”, por Dan Tanovic:
“-Who started the war?" – pergunta um soldado bósnio a um soldado sérvio.
-You did!
-And now, who started the war? – pergunta o mesmo soldado, apontando a metralhadora ao sérvio.
-We did!
Mais tarde, no filme, o soldado sérvio apanha a arma e aponta-a ao bósnio:
-And now, who started the war?
-We did…”
Ou ainda...
“-Why should I do (or tell) that?
-Because I have a gun and you don’t.”
Também o “Underground”, pelo grandioso Emir Kusturica.
Tanto o “No men’s land” como o “Underground” são filmes de humor (se é que se pode chamar…), de um humor satírico e muito negro (surprise!). No entanto, ambos oferecem uma outra perspectiva para se perceber o que pode ter acontecido: nonsense.
Nonsense.
Mesmo quando penso nisto, tento ser discreta. Quando o discuto, ainda mais. (Choca-me o facto de ter de procurar sempre se a Marina, croata, ou o Avni, albanês kosovar, estão por perto.)
Como olharão eles para o filme do Kusturica? Como olharão eles para os documentários sobre a ex-Jugoslávia?
(Como olharão eles para nós, olhando para eles?)
Não posso pensar, no entanto, que de repente se começaram todos (novamente) a matar só porque sim.
Tem de haver mais alguma coisa.
Ou não?
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