sexta-feira, setembro 23, 2005

Post com a data de domingo


Veneza é uma cidade estranha. Para mim, não é uma daquelas cidades que são amor à primeira vista.
Não tinha expectativa nenhuma.
Agora, a cidade vai-se deixando conquistar. Ou eu.
Sim, existe a água. Mas não é azul. Faz lembrar o Tejo, uma água verde clara, castanha, sem brilho.
Agora chove. De um dia para o outro a temperatura desceu 15 graus. Veneza com chuva é bonita.
Ontem à noite percorri as ruas desertas.
Si, é sicuro per una ragazza andare sola a la via.”
Feliz da vida. Fotografei, fiz longas exposições… Non c’era nessuno. Com a chuva a cidade ficou vazia.
Às tantas começou a chover. Entro num ciber e peço um café machiato (café com espuma de leite, uma delícia. Melhoro o meu record, café machiato a €0,80.). Mas o ciber já está fechado. Chove ainda mais, espero um pouco.
Chove.
Vou para a rua e corro.
Já em S. Marco um tipo do Bangladesh oferece-me um chapéu-de-chuva. Compro, tento falar com ele. Que é do Bangladesh. Eu sou de Portugal, digo-lhe. Ah!, sorri e corre a tentar vender outro chapéu.
Com um guarda-chuva na mão sou uma criança feliz. Percorro a cidade, cada vez mais vazia.
Becos escuros, a água revolta, ruas que não dão a lado nenhum. Ando às voltas, repito o giro da tarde. Academia, Dorsoduro, novamente as placas para o Rialto. A cidade é escura. Finalmente, S. Marco. Antes de entrar em casa ainda me dá vontade de ir ver a praça.
Debaixo da minha janela não há trânsito.
Sorriso na cara e estou feliz, feliz, feliz. Não sei bem porquê.
Chove e caminho nas ruas de Veneza. Também está escuro. Mas eu tenho um sorriso na cara e nada mais importa agora.

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