sexta-feira, maio 28, 2004

n'Os Dias Silenciosos II


(O silêncio
- cortado -
fica.
O impulso
nascendo.)

n'Os Dias Silenciosos




Every pot-smoking and dazed and confused college kid -- and a few of the more sophisticated ones in high school -- owned this as one of the truly classic jazz records, along with Bitches Brew, Kind of Blue, Take Five, A Love Supreme, and something by Grover Washington Jr. Such is cultural miscegenation.

Jarrett's intimate meditation on the inner workings of not only his pianism, but also the instrument itself and the nature of sound and how it stacks up against silence, involved listeners in its search for beauty, truth, and meaning.
The concert swings with liberation from cynicism or the need to prove anything to anyone ever again.

Thom Jurek,
All Music Guide


Perigo de Explosão


É melhor
fechares
os olhos,meu
amor,
antes que o
mundo
inteiro seja um
incêndio.

(...)

Aquele
poema,
ao contrário
dos outros,
tinha pólvora.
só lhe faltava
o rastilho.


(Poema do José Mário Silva,
transposto em canção pel' A Naifa, aqui.
)

quarta-feira, maio 26, 2004

Livros


Pois é, a Feira do Livro de Lisboa está aí.
Mas este é, sem dúvida, o tipo de livro de que eu mais preciso.
Ou os dez tipos de livros...



Livros, programas e Naifas


Todos os dias recebo a newsletter da Feira do Livro, o que é óptimo para aproveitar os livros do dia, mas também por causa das actividades na Feira.
O programa parece-me muito bem. Hoje, por exemplo, é um desses dias.
A Naifa, de João Aguardela, vai tocar às 22h no Auditório da Feira.
A ver se entre os não-portistas e os não-afogados-em-frequências desencanto alguém que queira ir comigo.
Se não, só me resta ouvir aqui...



terça-feira, maio 25, 2004

Direito de Resposta


A Outra Voz recebeu uma veemente reclamação em relação ao teor de um post anterior, o "Ulisses de Nós".
A Outra Voz orgulha-se de ser um blog plural (pelo menos tem dias...) e por isso abre aqui o seu espaço à publicação da resposta devida.
O autor da mesma, talvex coibido em relação à sua identidade, preferiu assinar sob pseudónimo. Não o levemos, pois, a mal por isso.


NÃO SÓ QUEM NOS ODEIA OU NOS INVEJA

Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.

Que os deuses me concedam que, despido
De afectos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo; quem quer nada
É livre; quem não tem, e não deseja,
Homem, é igual aos deuses.

Ricardo Reis
(reclamante devidamente identificado)


e-Assírio & Alvim II


Já agora, se alguém me quiser enviar um poema, go ahead. aoutravoz@yahoo.com ao vosso dispor.
São belíssimos, acreditem. A minha gratidão será imediata...

segunda-feira, maio 24, 2004

Ulisses de Nós


«Se em Ítaca não te esperasse a esposa tecendo e destecendo a teia, e o filho ansioso que alonga os olhos incansados para o mar, deixarias tu, oh homem prudente, esta doçura, esta paz, esta abundância e beleza imortal?»

Fala de Calipso para Ulisses,
Odisseia

e-Assírio & Alvim


A Assírio & Alvim já nos tinha habituado muito bem. Sabíamos que um livro com esta etiqueta dificilmente nos defraudaria. Além disso, além de conteúdos sempre belíssimos, o próprio papel era de fino toque, numa edição que, sem ser exagerada, era sempre muito cuidada. Agradável ao espírito e ao corpo, ao toque.
Hoje descobri o site: www.assirio.com e está belíssimo. Desde as imagens, ao grafismo, à poesia que podemos ouvir quando entramos no site.
Como se isto não bastasse já, daqui podemos enviar um poema alguém.
Há quem saiba tratar muito bem as visitas, e não haja dúvidas que a Assírio o faz muito bem.
E agora toca a enviar poemas a toda a gente - eu já enviei, e já recebi. De mim própria, mas que interessa. No meio de tanta gente a receber, não me pareceu justo ter de ficar de fora - ainda que (e especialmente porque) a emissora fosse eu.

Pergunta pertinente


Andava eu à procura de qualquer coisa para blogar, eis que esta imagem vem ter comigo.
O Bartoon, de Luís Afonso, é de facto de uma lucidez genial.
Além disso, a brincar, a brincar, se calhar já alguém devia ter feito esta pergunta - e desta vez mesmo muito a sério.


quarta-feira, maio 19, 2004

Resposta pronta

Ao post anterior:

urgente é escrever
um complexo dicionário.
só assim saberei
o alcance e extensão,
toda a largura,
das palavras.

André, Maio 2004

Nem mais.

Dicionário


Existirá realmente o contrário de "em busca"?

Pecados imortais


Algures de volta de uma sobremesa:

- Hmm, a gula é um pecado tão bom de se cometer!...
- E que pecado é que não o é?

- Sim, tens razão, são todos. E este já é quase luxúria!

- A austeridade é que também devia ser um pecado. Mas só a avareza o é - a avareza só se manifesta em relação aos outros. Da forma como a concepção católica está criada, parece-me que a austeridade se aproxima mais de uma virtude.

- O que de facto pode querer dizer muita coisa...

terça-feira, maio 18, 2004

Água




Se quisesse perdia-me aqui e dissolvia-me.
Dispersa, correndo.

Eu. Na minha vontade de correr e me perder por aí.
Cristalina.
Construir um barco, uma palavra.
Uma gota para a minha sede de viver.

segunda-feira, maio 17, 2004

Sentir


Magoo-me/te para sentir que estou viva.

A nossa capacidade de inflingir dor aos que amamos é impossível de limitar.

quinta-feira, maio 13, 2004

Hegeliana




(Extracto de "La vie secrète des plantes", por Anselm Kiefer - Centre Pompidou)

Tese.

Antítese.

Síntese?

segunda-feira, maio 10, 2004

Complexo de Astérix






(By pretty in pink y richard rodriguez)

Vou tentar não pensar nisso, pelas terras por onde andar.

O Livro das Igrejas Abandonadas




Tonino Guerra escreveu textos para cinema para realizadores como Fellini, Angelopoulos, Antonioni e Tarkovsky.
A sua escrita é simples, povoada de silêncios, com palavras e sentimentos que só entendemos através da falta que fazem.
Tal como esta citação, que surge logo no início do livro:

"Eu abandono Roma
Os camponeses abandonam a terra
As andorinhas abandonam a minha aldeia
Os fiéis abandonam as igrejas
Os moleiros abandonam os moinhos
Os montanheses abandonam os montes
A graça de Deus abandona os homens
Alguém abandona tudo
"

Tonino Guerra,
O Livro das Igrejas Abandonadas

Este é, sem dúvida, um livro de abandonos. De pequenas crónicas de vazio. No entanto, está muito longe de ser um livro triste.
Um livro feito de silêncio.

terça-feira, maio 04, 2004

Protege o monstro que há em ti


"Um monstro de um lago sueco, existente apenas no folclore local, foi inscrito da lista das espécies em vias de extinção do país. As autoridades estão agora a perguntar aos responsáveis regionais como é que tal iniciativa foi possível. O caso foi descoberto quando o provedor do Parlamento sueco, depois de uma queixa, foi analisar as decisões do tribunal ambiental de Jaemtland, uma província no centro do país, e encontrou uma inusitada resolução que proibia um homem de negócios de procurar ovos de monstro."

Bom demais para ser verdade. Em vez do monstro, protejamos a criança que há dentro de todos nós. Que diz que caçar fadas não está certo, muito menos caçar monstros, ainda por cima quando isso é feito por homens de negócios.
Nem que os monstros não existam. Afinal o que conta é a imaginação. E a convicção com que acreditamos nela...
A notícia, com mais detalhes, saiu aqui.

Sai da frente


Andar depressa, viver depressa, aproveitar a correr o tempo das férias.
Parece ser o nosso destino, para apenas descansar depois, nos dias que nos restarem do éter.