quarta-feira, março 31, 2004

O dia é quando uma mulher quiser


No outro dia encontrei a S. Na confusão da Baixa, estive momentos para me certificar que era mesmo ela. Aproximámo-nos ainda na dúvida.
Já não a via quase há três anos. Durante algum tempo, por razões várias, pertencemos ao mesmo grupo de amigos. Foi aí que soube da sua estória de vida atípica.
Muito cedo casou e foi viver para o Oriente. Teve uma filha. Depois divorciou-se e voltou a viver em Portugal. Decidiu continuar a estudar e foi para a faculdade, a filha já com três anos.
Entre várias peripécias, arranjou um namorado fixo. Ainda durante o curso, foi viver com ele. Teve um outro filho, desta vez um rapaz. As coisas não resultaram, saiu de casa do namorado, voltou a viver com os pais e os filhos.
Acabou o curso.
Quando soube dela novamente, tinha (re)questionado a sua orientação sexual. Tinha uma namorada e estava a viver com ela.
Voltei a encontrá-la agora. Estava bonita e bem arranjada, como sempre. Com ar de mais velha.
Falámo-nos, muito levemente. Depois vi-a ir embora, na confusão do Rossio e fiquei a olhá-la e a pensar.
Não tive coragem de lhe perguntar como estava agora, o que estava a fazer ou como estava a viver. Mas não duvido que tenha mudado tudo outra vez – ou não, se fosse essa a sua vontade.
Uma das características da S. é que sempre assumiu de pleno as opções que tomou. Sobretudo, não teve medo de as tomar.
Acho que (re)encontrado a S. foi a minha celebração tardia do Dia da Mulher.
Quase uma homenagem.

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