terça-feira, dezembro 09, 2003

Milagres II


Muito obrigada pelas vossa respostas! Onde mais uma vez se denota que estas questões estão a anos luz de ser pacíficas.

Sim, digo questões no plural. Eu levantei uma, vocês responderam com uma avalanche delas. Basicamente, apenas uma pessoa respondeu/tentou responder ao cerne da questão que coloquei .

Ela aqui fica, de novo.
Eu não sou crente, nem isso está em causa aqui. O que me intrigou nesta notícia foi tentar saber como raciocinaria alguém da Igreja. Ou seja, perante a questão prática de saber que médicos escolher para o exame, se faria diferença o facto de serem católicos ou não.

Para mim só faz sentido que o sejam. O que acaba por conduzir a um círculo vicioso. Mas vamos por partes.

Creio que apenas um médico católico poderá dizer que não há explicação cabal para a cura. Como referiu o J., o médico apenas diz que existe explicação para a cura que se insira no processo científico. Quem depois faz a ligação entre esse facto e o milagre é a Igreja, strictu sensu.

Mas mesmo quando o médico faz o exame e afere o resultado, a questão coloca-se. Um médico que não seja crente dirá que foi uma circunstância ocasional originada pela natureza, um efeito físico/químico desconhecido que retirou os acontecimentos do rumo que seria esperado.

Onde o problema do nexo de causalidade emerge. Não o nexo de causalidade cura-milagre, pois esse é determinado pela Igreja. Falo, sim, do nexo de causalidade, ou falta dele, entre a reacção do corpo (a cura) e um efeito que lhe possa ter dado origem (reacção dentro da compreensão da ciência/milagre).

Já Hume dizia que não há leis na natureza, sendo os fenómenos meros acidentes da existência. E aqui? Pelo facto de não se descobrir uma causa para a cura, faz com que ela não exista no mundo da ciência?

Sim, eu sei que o meu raciocínio é completamente viciado, como me referiu o pequeno ser, e desde o início. Provavelmente enganei-vos (ou tentei enganar) com a pergunta. Isto porque o meu ponto de partida se situa já na resposta. Daí achar que o ponto de partida para o processo de canonização, materializado em saber se os médicos devem ser católicos ou não, condiciona toda a resposta.

Um médico católico, ou um católico simplesmente, nunca colocaria estas questões à mercê da ciência, creio... Como diz uma amiga minha, nas nossas trocas de ideias frequentes, é uma questão de fé: tem de se acreditar.

Posso concordar. Mas então para quê a necessidade da ciência? A fé existe do e para o seu próprio consumo...


(Onde a escriba coloca uma questão e sai com um feixe delas a reboque...)

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